terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um dia vou escrever um romance...para já começo por um ensaio (Cap. III)



Cap III

O dia solarengo desperta Camila do sono às 9H00 da manhã de domingo. Os raios de sol entram pela janela, iluminando o rosto da mulher que acorda para um novo dia.

Já pronta para sair de casa, Camila, que tinha evitado durante toda a manhã pensar na noite de ontem, recorda o beijo com José. Sorriu e pensou no quanto tinha gostado, decidindo, no entanto, deixar esses pensamentos para mais tarde. Agora tinha de se despachar. Fechou a porta e dirigiu-se a casa do pais, já que era domingo, dia da família se reunir.
Depois dos cumprimentos, lá se sentaram a mesa - uma mesa grande, com toda a família reunida. As conversas, essas eram banais, sobre o tempo, o estado do país, e, claro está, o estado civil de Camila, que tinha de vir sempre à conversa.
- E tu quando nos apresentas um namorado? – A pergunta que Camila detestava, mas que a mãe adorava fazer.
- Um dia destes. - Respondeu ela, tentando mudar rapidamente de assunto, mas, ao mesmo tempo, recordando o beijo de, ontem à noite.
A confusão instalou-se à mesa, uns a dizer que estava mais que na hora, outros a referir que estava bem melhor assim.
Todos davam palpites sobre a sua vida e ela já enervada, nada dizia, porque sabia que não adiantava. Era o costume e, portanto, por mais que dissesse que ninguém tinha nada a ver com esse assunto, eles não prestariam atenção.

Camila decidiu passar a tarde em casa, a descansar e a colocar - pelo menos tentar - as ideias no lugar.
Sentou-se no sofá, cobriu-se com uma manta e começou a procurar um filme para ver ou um programa animado. Lá foi andando para trás e para a frente não dando oportunidade a ninguém de entrar pelo ecrã mais de cinco segundos, até que o sono tomou conta de si.
Acordou uma hora depois e lembrou-se do sonho que tivera. José entrou nele e foi muito bom. Pegou no telefone e pensou em ligar, ou então enviar mensagem. “É melhor não. Fico à espera que ele diga alguma coisa” – pensou, mas a vontade de falar com ele era mais forte.
Ao fim de um tempo, lá ganhou coragem e enviou uma mensagem a José nada comprometedora, apenas cumprimentando e desejando um bom resto de fim de semana. “Mensagem enviada. E agora, será que resp….”, antes que terminasse o pensamento, o telefone toca. José respondeu com a mesma cordialidade, mas com um bocadinho mais de atrevimento. “Obrigada e porque não terminarmos o fim de semana juntos?”.
“Oh não, e agora que respondo? Fui eu que provoquei e não sei o que dizer” – um friozinho na barriga e Camila fica ali uns instantes que pareceram uma eternidade a pensar numa resposta, até que o telefone volta a tocar. Era novamente o José. “Então, não achas que é um bom programa?”. Lá estava ele a provocar, porque a conhecia e sabia que ela estava baralhada, sem saber o que responder.
Camila decidiu então convidá-lo para um café lá em casa.
“O quê? Será que estou a ler bem?” – voltou a provocar. Ela já irritada com a troça, respondeu fria: “Olha não volto a dizer nada, se quiseres vir, vens, se não quiseres, temos pena. Eu estou em casa”.
O telemóvel não voltou a tocar. Passou meia hora e nada. Ela ficou a pensar que tinha sido demasiado fria e que ele acusou o toque, mas, por outro lado, achava que tinha feito bem. Apesar de tentar pensar que aquilo não a afetava, não era verdade. Começou a ficar nervosa, a olhar para o telefone a cada instante e nada. Até que a campainha de casa tocou e ela sorriu.
Abriu a porta um pouco envergonhada e, do lado de fora, lá estava ele, bem vestido, com um sorriso de orelha a orelha e olhar maroto.
- Com que então: “se quiseres vir anda, se não quiseres temos pena?”. A menina é muito atrevida.
- Parece que querias que te pedisse por favor. (disse com voz baixa e rosto corado).
Ele entrou e sentou-se no sofá, partilhando a manta de Camila.
Conversaram sobre tudo e sobre nada, riram, fizeram palhaçadas, parecendo duas crianças, numa tarde bem passada, sem dúvida. Numa das brincadeiras, José aproximou-se demasiado dos lábios de Camila e o calor subiu. A vontade do beijo era notória nos dois, os olhares cruzaram-se e o beijo aconteceu. A intensidade foi a mesma do da noite anterior. “Mas o que será isto?” – pensava ela, enquanto o beijava. Enquanto ela dava largas à imaginação, ele acariciava os seus cabelos lisos e sedosos, com uma suavidade que só ele conseguia.

O final de tarde foi tudo menos o que Camila imaginou desde que acordou.  Passou tão rápido que quando olharam para o relógio já era hora de jantar. Ela decidiu fazer alguma coisa para ambos e ele ficou até de madrugada.
Ao sair, José despediu-se com um beijo na testa, dizendo “Até amanhã”.
“Ui” – pensou ela enquanto fechava a porta. “Amanhã vou estar com ele outra vez?”. Esqueceu por momentos, desvalorizando.
Depois de arrumar, Camila deitou-se e, mais uma vez, começou a pensar no que estava a acontecer e no quanto estava a gostar. O sorriso nos seus lábios foi abalado por um sentimento de tristeza quando na sua cabeça pairou a imagem de António. Ela amou-o tanto que esquecê-lo, era difícil. Pensar que podia ter estado ali com ele, imaginar como seria a vida com ele, como poderia ser feliz…
“Esquece isso, Camila” – dizia a si própria. “Tens alguém que se importa contigo, para quê continuares a pensar naquela pessoa que não te quer?”- pensava.
Os pensamentos levaram-na até um sono profundo, só abalado pelo som do despertado na manhã de segunda feira.

A semana estava a começar e Camila sentia-se rejuvenescida. Rosto brilhante, cabelos soltos, lisos e sedosos, roupa a condizer com o estado de espírito lá saiu de casa com vontade de dizer ao mundo que queria ser muito feliz!





Sem comentários:

Enviar um comentário