Cap
III
O
dia solarengo desperta Camila do sono às 9H00 da manhã de domingo. Os raios de
sol entram pela janela, iluminando o rosto da mulher que acorda para um
novo dia.
Já
pronta para sair de casa, Camila, que tinha evitado durante toda a manhã pensar
na noite de ontem, recorda o beijo com José. Sorriu e pensou no quanto tinha gostado, decidindo, no entanto,
deixar esses pensamentos para mais tarde. Agora tinha de se despachar. Fechou a
porta e dirigiu-se a casa do pais, já que era domingo, dia da família se reunir.
Depois
dos cumprimentos, lá se sentaram a mesa - uma mesa grande, com toda a família reunida.
As conversas, essas eram banais, sobre o tempo, o estado do país, e, claro está, o estado civil de Camila, que tinha de vir sempre à conversa.
-
E tu quando nos apresentas um namorado? – A pergunta que Camila detestava, mas
que a mãe adorava fazer.
-
Um dia destes. - Respondeu ela, tentando mudar rapidamente de assunto, mas, ao
mesmo tempo, recordando o beijo de, ontem à noite.
A
confusão instalou-se à mesa, uns a dizer que estava mais que na hora, outros a
referir que estava bem melhor assim.
Todos
davam palpites sobre a sua vida e ela já enervada, nada dizia, porque sabia que
não adiantava. Era o costume e, portanto, por mais que dissesse que ninguém
tinha nada a ver com esse assunto, eles não prestariam atenção.
Camila
decidiu passar a tarde em casa, a descansar e a colocar - pelo menos tentar -
as ideias no lugar.
Sentou-se
no sofá, cobriu-se com uma manta e começou a procurar um filme para ver ou um programa
animado. Lá foi andando para trás e para a frente não dando oportunidade a ninguém de entrar pelo ecrã mais de cinco segundos, até que o sono tomou conta de si.
Acordou
uma hora depois e lembrou-se do sonho que tivera. José entrou nele e foi muito
bom. Pegou no telefone e pensou em ligar, ou então enviar mensagem. “É melhor não. Fico
à espera que ele diga alguma coisa” – pensou, mas a vontade de falar com ele
era mais forte.
Ao
fim de um tempo, lá ganhou coragem e enviou uma mensagem a José nada
comprometedora, apenas cumprimentando e desejando um bom resto de fim de
semana. “Mensagem enviada. E agora, será que resp….”, antes que terminasse o
pensamento, o telefone toca. José respondeu com a mesma cordialidade, mas com
um bocadinho mais de atrevimento. “Obrigada e porque não terminarmos o fim de
semana juntos?”.
“Oh
não, e agora que respondo? Fui eu que provoquei e não sei o que dizer” –
um friozinho na barriga e Camila fica ali uns instantes que pareceram uma
eternidade a pensar numa resposta, até que o telefone volta a tocar. Era novamente
o José. “Então, não achas que é um bom programa?”. Lá estava ele a provocar,
porque a conhecia e sabia que ela estava baralhada, sem saber o que responder.
Camila
decidiu então convidá-lo para um café lá em casa.
“O
quê? Será que estou a ler bem?” – voltou a provocar. Ela já irritada com a
troça, respondeu fria: “Olha não volto a dizer nada, se quiseres vir, vens, se
não quiseres, temos pena. Eu estou em casa”.
O
telemóvel não voltou a tocar. Passou meia hora e nada. Ela ficou a pensar que
tinha sido demasiado fria e que ele acusou o toque, mas, por outro lado, achava
que tinha feito bem. Apesar de tentar pensar que aquilo não a afetava, não era
verdade. Começou a ficar nervosa, a olhar para o telefone a cada instante e
nada. Até que a campainha de casa tocou e ela sorriu.
Abriu
a porta um pouco envergonhada e, do lado de fora, lá estava ele, bem vestido,
com um sorriso de orelha a orelha e olhar maroto.
-
Com que então: “se quiseres vir anda, se não quiseres temos pena?”. A menina é
muito atrevida.
-
Parece que querias que te pedisse por favor. (disse com voz baixa e rosto corado).
Ele
entrou e sentou-se no sofá, partilhando a manta de Camila.
Conversaram sobre tudo e sobre nada, riram, fizeram palhaçadas, parecendo duas crianças, numa
tarde bem passada, sem dúvida. Numa das brincadeiras, José aproximou-se
demasiado dos lábios de Camila e o calor subiu. A vontade do beijo era notória nos
dois, os olhares cruzaram-se e o beijo aconteceu. A intensidade foi a mesma do da
noite anterior. “Mas o que será isto?” – pensava ela, enquanto o beijava. Enquanto
ela dava largas à imaginação, ele acariciava os seus cabelos lisos e sedosos,
com uma suavidade que só ele conseguia.
O
final de tarde foi tudo menos o que Camila imaginou desde que acordou. Passou tão rápido que quando olharam para o relógio
já era hora de jantar. Ela decidiu fazer alguma coisa para ambos e ele ficou
até de madrugada.
Ao
sair, José despediu-se com um beijo na testa, dizendo “Até amanhã”.
“Ui”
– pensou ela enquanto fechava a porta. “Amanhã vou estar com ele outra vez?”. Esqueceu
por momentos, desvalorizando.
Depois
de arrumar, Camila deitou-se e, mais uma vez, começou a pensar no que estava a
acontecer e no quanto estava a gostar. O sorriso nos seus lábios foi abalado
por um sentimento de tristeza quando na sua cabeça pairou a imagem de António.
Ela amou-o tanto que esquecê-lo, era difícil. Pensar que podia ter estado ali
com ele, imaginar como seria a vida com ele, como poderia ser feliz…
“Esquece
isso, Camila” – dizia a si própria. “Tens alguém que se importa contigo, para
quê continuares a pensar naquela pessoa que não te quer?”- pensava.
Os
pensamentos levaram-na até um sono profundo, só abalado pelo som do despertado
na manhã de segunda feira.
A
semana estava a começar e Camila sentia-se rejuvenescida. Rosto brilhante, cabelos
soltos, lisos e sedosos, roupa a condizer com o estado de espírito lá saiu de
casa com vontade de dizer ao mundo que queria ser muito feliz!
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